Cap. 31
— Vocês deixaram um escapista, um homem que se solta de correntes, amarrado? Com cordas? – a voz de Dimitri entrega seu esforço em manter a racionalidade.
Kleber: — Os gêmeos amarram os seus trapézios. Eles sabem dar nós bem fortes.
Dimitri, já não disfarçando o descontrole: — Nós o jogamos no deserto trancado dentro de um cofre. Ele estava inconsciente, tinha sido espancado e, mesmo assim, conseguiu sair e vir aqui com seus amigos para ter sua vingança.
— Eu não sou amigo dele – reclama Wayne, abafado pelo saco em sua cabeça.
Ansioso e com maus pressentimentos, Dimitri se dirige para a saída da tenda: — Vamos, todos. Não podemos deixar o maldito escapar novamente.
Isak, apontando para os prisioneiros: — E o que fazemos com esses dois?
Dimitri: — Matamos, é claro. Mas depois. Senhor Augustus é nossa prioridade. Esses dois são só lacaios dele.
O grupo sai, deixando Wayne e o indígena sozinhos na tenda.
Alguns silenciosos minutos depois, Wayne decide que já é seguro tentar fazer alguma coisa: — Índio, temos que dar um jeito de sair daqui. Você tem alguma ideia? E não ouse dizer que não entende minha língua.
Indígena: — O que é um lacaio?
Wayne nem perde tempo tentando responder. Mesmo por que, provavelmente, ele também não saberia explicar o que é um lacaio. Mas ele sabe que não tem muito tempo para escapar: — Índio, siga o som da minha voz e empurre sua cadeira até aqui. Eu farei o mesmo, indo até você. Vamos tentar soltar as cordas um do outro quando nos encontrarmos. Vamos começar.
Segundos de silêncio preenchem a tenda.
Wayne, tentando ser paciente apesar do ódio que deixa seu sangue em ebulição: — Índio, fale alguma coisa para eu poder me guiar até você.
Indígena: — Por que só eu apanhei?
Wayne respira fundo, quase sugando o saco em sua cabeça pelo nariz e começa a balançar sua cadeira na direção da voz do indígena, que faz o mesmo, guiando-se pelo som da cadeira do xerife arranhando o chão.
Enquanto isso, na tenda onde Augustus foi deixado amarrado, Dimitri confirma seus temores.